29 de junho de 2009

E em estado de profundo cansaço, eu, preguiçosamente, abri os olhos. Mas não olhei o teto, olhei para além do teto, a nata branca que saía de mim, sorrateira, rápida como uma névoa, se esvaiu pelo branco do gesso.
Daí eu tive cócegas do edredom e me despi dos panos, que cobriam com fogo escandaloso e vermelho, extremamente vermelho, meu corpo abastado de uma longa noite de não-sono, não-sonhos...
Corri para geladeira empapada de nada, de coisas sem gosto, sem forma, atrás de um frescor inexistente ali, um mínimo de bafo gelado para minha pele em chamas: tinha medo do assoalho, mas pisava o chão com a coragem de um desertor, queria mais que tudo, sair dali.
Corri para fora do meu interior, mais isso não bastava, pois a enxurrada (de pensamentos) afogava até a alma.
Pensei, portanto, que nada adiantaria. Nada me livraria do fatídico nó na garganta. E só eu sei, o que significava isso. Poucos sabem e decifram...
O nó veio e, eu, sentei: nua, fria, calada, sozinha.