Começa a aula. O ventilador ligado mesmo estando um frio de rachar os lábios, parece ser a peça chave para tornar o ambiente completamente insuportável.
A professora fala, fala, fala...sem parar.
Quem é essa pessoa? - me pergunto.
Estamos no final do período e se vi essa senhora cinco vezes, foi muito!
Apenas penso...
Somos ambas culpadas. Ora eu, ora ela a faltar às aulas e, creio, que as duas com os mesmos motivos: tudo é mais importante que vir pra cá. Qualquer coisa é álibi para um não comparecimento contínuo.
Será que pensamos da mesma forma?
Eu penso: "Saco! Não quero estar aqui, não é isso que quero para a minha vida. Essa não será minha profissão, mas é tarde, estou no fim da linha, apenas 6 meses para a tão sonhada formatura. Por que nos obrigam a decidir o que "seremos" no auge da nossa confusão como seres humanos? Por que a adolescência?...
Bom! Ao menos sinto uma motivação refrescante, pois, nesse ponto estou em vantagem: ela já é uma senhora, que julgo ter mais de cinquenta...o que não torna impossível, mas dificulta grandes mudanças...
Minha intenção é terminar isso aqui e ir embora, fazer algo completamente diferente, o que eu realmente quero!...
Mas...e se ela pensava assim quando tinha minha idade? E se os anos foram passando, passando, sem que ela se desse conta? E se não? E se isso acontecer comigo?...
Todos estão falando agora, uns falam com os outros freneticamente e ela, a professora, fala com as paredes, ou, por incrível que pareça, comigo, que parei nesse instante para ouví-la.
Me senti mal por ela.
Mas também não estou interessada. Passa!...
Fim da aula.