16 de julho de 2009

Tédio

Começa a aula. O ventilador ligado mesmo estando um frio de rachar os lábios, parece ser a peça chave para tornar o ambiente completamente insuportável.

A professora fala, fala, fala...sem parar.

Quem é essa pessoa? - me pergunto.

Estamos no final do período e se vi essa senhora cinco vezes, foi muito!

Apenas penso...

Somos ambas culpadas. Ora eu, ora ela a faltar às aulas e, creio, que as duas com os mesmos motivos: tudo é mais importante que vir pra cá. Qualquer coisa é álibi para um não comparecimento contínuo.

Será que pensamos da mesma forma?

Eu penso: "Saco! Não quero estar aqui, não é isso que quero para a minha vida. Essa não será minha profissão, mas é tarde, estou no fim da linha, apenas 6 meses para a tão sonhada formatura. Por que nos obrigam a decidir o que "seremos" no auge da nossa confusão como seres humanos? Por que a adolescência?...

Bom! Ao menos sinto uma motivação refrescante, pois, nesse ponto estou em vantagem: ela já é uma senhora, que julgo ter mais de cinquenta...o que não torna impossível, mas dificulta grandes mudanças...
Minha intenção é terminar isso aqui e ir embora, fazer algo completamente diferente, o que eu realmente quero!...

Mas...e se ela pensava assim quando tinha minha idade? E se os anos foram passando, passando, sem que ela se desse conta? E se não? E se isso acontecer comigo?...
Todos estão falando agora, uns falam com os outros freneticamente e ela, a professora, fala com as paredes, ou, por incrível que pareça, comigo, que parei nesse instante para ouví-la.

Me senti mal por ela.
Mas também não estou interessada. Passa!...
Fim da aula.

Sobre aquele filme...

Luz silenciosa
peito preso, pobre
beleza nobre.
Um filme em camera lenta
tenso, denso...
Luz silenciosa
que grita
agita
marca o peito
Dói, corta!
Sentimento engasgado
imagem congelada
do que não somos
na tela,
nunca seremos.