6 de setembro de 2011

Manhã

A voz, que vem de bem longe embora pareça vir mesmo de dentro de mim, ecoa imperativa.
Levanto, passo meu café - hoje - bem forte e amargo, que é para combinar com meu dia e com minha aparência.
Sento em meio a sujeira da varanda e penso se acendo um cigarro. Acendo.
Meu corpo recusa o gosto da nicotina, embora minha mente relaxe no emaranhado de fumaça e poluição. Cinzas.
Acendo mais um.
Tento não pensar em nada. De repente, percebo que estou esvaindo pelo ralo e saio com pressa.
Caminho cambaleante e, na cozinha, equilibro a xícara na pilha de quinquilharias por lavar. Preciso me lavar.
Resisto à cama que me intima sedutora. Me arrasto até o chuveiro. Uma enorme dúvida inunda minha vida: quente ou frio?
Opto pelo primeiro com esperança de que aqueça também minha'alma.