23 de março de 2008

Acordo de um sonho que não me pertence e me embriago com minha própria lucidez.
Sacio minha fome de não sei o quê, contemplando aquilo que não existe.
Saio para o infinito e passeio pelo jardim do nada.
Ouço o silêncio e deito no vazio.
Exausta, retorno ao inabitável e aguardo com uma ansiedade letárgica o imprevisível...
Olhando agora daqui, daqui mesmo deste ponto de ônibus, justamente deste ângulo e não de outro, eu percebo essa grande continuidade que é a vida...
Esse eterno atravessar pistas, contínuo girar roletas, enfrentar filas, andar e sempre e mais e adiante.
Contentes bonequinhos, numa caixa de brinquedo gigante, manipulados por uma grande criança. "Ela" existe mesmo? Não sabemos. A caixa é alta, não dá pra olhar pra cima, as nuvens cobrem tudo.
Só sabemos que há uma pista. E ela precisa ser seguida, tem as pausas, os reboques e a reta final, todos sonhamos chegar vitoriosos nessa reta para no fim, nem sabermos o que encontraremos. Mas é assim mesmo, tinha me esquecido que essa caixa, chamada também vida: é de surpresas...