26 de abril de 2007

Liebe, amour, amore, amor...

Somos todos loucos e vivemos a pensar no Amor!
Sonhamos o Amor e fazemos d’Ele objeto de nossas maiores frustações. Indigente!
Por que a perfeição? – ele pergunta.
Porque somos egoístas, oras! – respondemos nós.
Será por isso que ele tem ficado triste? É aí que ele se torna vulgar?...
E o “Eu te amo”? Oh! É a coita do trovador angustiado: tem sido vago, distante, irreal, de tantas trivialidades.
Ai de nós: “banalizadores” crônicos, amantes do Amor, marionetes dos sentimentos, pecadores do exagero...
É. Somos todos loucos! Sou louca!...
Concluo afinal, que a única conclusão...é amar?
Amar, pura e simplesmente, sem exclamação. Egoístas...

19 de abril de 2007

Nada

Confronto entre presente e nostalgia...

Tristeza leve e dissimulada...

Sorrisos forçados e espaçados...

Fina como o “Bilbo” e esparramada como a manteiga no pão...

Vontade de chopp até tarde, sem a preocupação do amanhã...

Vontade de escrever, pintar, esculpir, cantar, dançar, beber, rodar, interpretar a minha vida, hoje e sempre...

Canto a nostalgia de hoje como quem chora sem lágrimas por uma causa que tinha que acabar...

O mito do eterno!

O vai, o vem e o vice-versa...

E a caminhada que pesa como chumbo, aborrece como criança mimada, causa estrago como carro desgovernado...

E essa imensa vontade de dormir. E sonhar sonhos incompreensíveis, intraduzíveis: como a própria vida...

10 de abril de 2007

Horas em que nos sentimos assim...

De tarde quero descansar, chegar até a praia
Ver se o vento ainda está forte
E vai ser bom subir nas pedras
Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora.

Agora está tão longe
Vê, a linha do horizonte me distrai:
Dos nossos planos é que tenho mais saudade,
Quando olhávamos juntos na mesma direção.
Aonde está você agora
Além de aqui, dentro de mim?
Agimos certo sem quere
Foi só o tempo que errou
Vai ser difícil sem você
Porque você está comigo o tempo todo.

Quando vejo o mar
Existe algo que diz:
- A vida continua e se entregar é uma bobagem
Já que você não está aqui,
O que posso fazer é cuidar de mim.
Quero ser feliz ao menos.
Lembra que o plano era ficarmos bem?
- Ei, olha só o que eu achei: cavalos-marinhos
Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora

(L.Urbanda - Vento no Litoral)
João era um homem comum
E o que é ser comum?
Era meio acomodado
Gostava do café meio amargo
Às vezes era mal educado, mas tinha um bom coração.

Não era muito de festas
Lia com paciência poesia moderna
Cantava a mulher do vizinho
Mas gostava mesmo era da Ana da padaria ao lado
Que não lhe dava bola, mas parecia ser boa guria.

Trabalhava só por necessidade
Quando faltava dinheiro ou caso a fome apertasse.
Só andava de roupa engomada
Teimava em fazer cara de macho
Tinha a terrível mania dos jogos, mas destino que é bom muito pouco.

Expirou num domingo de maio
De legado somente a lembrança de um João sem rumo
Como tantos “joãos” ...
Não conseguiu fazer na vida um terço do que almejara
Por causa de um detalhe: seu nome? João. Sobrenome? Brasileiro...

9 de abril de 2007

Subst. Masc. Sing....

Se minhas pernas acompanhassem o progresso do meu Cansaço, certamente não estariam mais andando...
É por isso, que brindo! À vitalidade de minhas pernas e ao descaso do meu Cansaço.
Sorte dele, astuto inimigo, que teve a genialidade de vir em forma de substantivo abstrato. Não fosse por isso, juro pelos meus neurônios que, ainda que ilimitadamente cansada, o pegaria a socos e pontapés, literalmente falando em substantivos mais que comuns...
Mas enquanto isso: ai! Descanso, as pernas e as penas. Penas estas, que só se animam quando Ele, Senhor das minhas enxaquecas, abre alas para esse “tédio-literário”...
Pobres pernas, tédio, penas... Pobre literato – eternos escravos de um substantivo abstrato.

3 de abril de 2007

Brilho de estrelas flutuantes

Brilho de estrelas flutuantes no espaço aberto do meu pensar. São estrelas em tons amarelos, rosas e cinzas. Iluminam as idéias toscas e parcas que sondam, não somente os sonhos, mas os sons... Às vezes, parecem barcos, pois não mais flutuam no céu, mas sim no mar dos meus pensamentos, que lutam entre si e criam ondas, ferozes e saudosas...
Brilho de estrelas flutuantes... E essa dor dissimulada que é viver. E essa grande incompreensão do mundo... Mundano... Um imenso e intenso girar de olhos despreocupados e virar de páginas inacabadas. Olhos alheios ao mundo e ao modo. Páginas vazias...
Brilho de estrelas flutuantes... Sentido? Não, nenhum, grata! Só uma tristezinha com gosto de domingo à noite que contagia as palavras. Pois estas saem sem premeditação; escoam: lanço de um cérebro em náusea.
Brilho de estrelas flutuantes... Tontura...

2 de abril de 2007

N'algum lugar

Desconfortante e cansativo... O ventilador gira em tic-tac... Na janela pululam bruxinhas entediadas... Ele? Discursa e tenta ser engraçado... Os presentes riem... De mim? Para mim?... E um calor finalmente derrete as paredes. Daí surge a lua: triste e bela, como as luas têm que ser. Somos banhados pela chuva de mormaço e de bruxinhas. Elas têm fome! Sonham com carne jovem e suculenta. Mas a carne está podre...e suada. Pobres bruxinhas! Nem se dão conta da lua, assim como eu... Risinhos debochados. E o tic-tac é eterno, cansativo e desconfortante...